sexta-feira, 5 de novembro de 2010

A música jovem nos anos 60







Graças ao baby-boom do pós-guerra, o mundo no início da década de 60 estava repleto de jovens. Só que, ao contrário daqueles das gerações anteriores, agora eles eram mais instruídos e tinham poder de consumo. E, naturalmente, sonhavam com um mundo diferente daquele que tinham herdado e que, de preferência, tivesse uma nova “trilha sonora” como acompanhamento. Afinal orock’n’roll dos anos 50 já não parecia tão transgressor como quando
 Elvis Presley apareceu rebolando pela primeira vez. 

Em 1961, surgiu na Califórnia a primeira novidade musical da década nos Estados Unidos, a surf music,
que estourou na costa oeste com os Beach Boys. Com temas leves, que giravam em torno de praia, surf e carrões, ela conseguiu atrair a atenção dos jovens americanos.
Ainda nessa época, a Motown,
uma gravadora americana promotora de artistas negros, como Diana Ross, Marvin Gaye, The Supremes, Jackson Five, entre outros, começou a fazer sucesso (até entre os brancos) com um estilo de soul próprio, mais suave e comercial, considerado o precursor da era disco dos anos 70.
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Mas foi somente em 1963, do outro lado do Atlântico, mais precisamente em Liverpool, na Inglaterra, que surgiu o verdadeiro fenômeno musical dos anos 60, os Beatles.
Embora ainda muito influenciados pelo rock dos anos 50, com letras ingênuas e uma postura bem-comportada, não demorou para que eles e a novidade musical que traziam se tornassem uma verdadeira febre entre os jovens no Reino Unido. E, no ano seguinte, estourassem também nos Estados Unidos, o que abriu caminho para uma verdadeira invasão britânica em território americano e no restante do mundo ocidental. Nessa mesma época, Bob Dylan, já antecipando a guinada musical que ocorreria na segunda metade dos anos 60 (afinal o cenário político dali para frente não inspiraria músicas tão leves e despretensiosas assim), começou a fazer sucesso nos Estados Unidos com canções com um tom diferente. Com seusfolks, que falavam de temas sociais e políticos de forma poética, transformou-se em símbolo dos protestos que logo se intensificariam.





Em meados da década, golpes de estado na América Latina acabaram com o sonho de liberdade do pós-guerra; os Estados Unidos enviaram tropas para a Guerra do Vietnã; a Revolução Cultural Chinesa eclodiu
, proporcionando “uma experiência revolucionária” aos jovens chineses. Acontecimentos que contribuíram para que pipocassem em vários países, como no Brasil, nos Estados Unidos, no Japão, na Tchecoslováquia, manifestações estudantis contra a Guerra do Vietnã, a Guerra Fria, o racismo, os regimes autoritários nos países subdesenvolvidos, o capitalismo, o imperialismo, entre outras. Bandeiras que passaram a influenciar fortemente a produção musical do período. No Reino Unido, o The Who se tornava a principal banda mod do momento, com uma performance nada comportada, o que incluía arrebentar os instrumentos no palco e canções curtas e agressivas..Nos Estados Unidos, o verão de 1967 ficou conhecido como “Summer of Love”.
Naquele momento nascia o movimento hippie, uma nova forma de contracultura, sob o lema “Paz e Amor”, que inspirou bandas como The Grateful Dead, Jefferson Airplane, Moby Grape, entre outras, a produzir um rock psicodélico. ">Caracterizado pela experimentação e inspirado pelo uso de drogas como a maconha e o LSD, o gênero influenciou também o rock britânico de grupos e artistas como Beatles, The Rolling Stones">, Pink Floyd, The Who, The Animals e Cream, entre outros. Nessa época surgiu também o estilo ópera rock, com longas produções musicais que tinham como objetivo contar uma história. “Tommy”,
do The Who, a mais famosa delas, narra a saga de um menino cego, surdo e mudo, que mesmo assim consegue se tornar um campeão de pinball e líder de uma nova “religião”. História que deu origem a inúmeros filmes, peças teatrais e concertos produzidos ao longo das décadas seguintes, como “The Wall”, do Pink Floyd, “The Celebration Of The Lizard King”, do The Doors, e ”Quadrophenia”, do The Who.Em 1969, enquanto a

humanidade curtia o frisson de ver o primeiro homem pisar na Lua, aqui mesmo, no planeta Terra, mais de meio milhão de jovens fariam a maior viagem astral da década. E sem tirar os pés do chão. Munidos de muito amor, drogas e liberdade, compareceram em massa para assistir ao festival de Woodstock, nos Estados Unidos.
Evento que reuniu os principais grupos e artistas de rock, folk e blues, que, se seguiam diferentes rumos musicais, tinham em comum a defesa das bandeiras erguidas pela transformação cultural que acontecia no planeta naquela fase. Capazes finalmente de se fazer ouvir, em alto e
bom som, os jovens mostraram abertamente que não
concordavam com a forma como o mundo estava estruturado. Àquela altura, no entanto, tão visível se tornou o movimento da contracultura que boa parte dele passou a ser a própria cultura dominante. Muito do que era rebeldia, no final da década, foi incorporado e transformou-se em moda. O espaço da cultura jovem no mundo estava definitivamente conquistado.



Da bossa nova ao tropicalismo
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Musicalmente, os anos 60 no Brasil começaram com a bossa nova, música eleita pela juventude para simbolizar uma nova era. A novidade musical apareceu em 1959 com uma proposta de




modernização do samba e de internacionalização de nossa canção. De temática leve e sonoridade sofisticada, ela logo caiu no gosto dos jovens brasileiros e começou a fazer sucesso no exterior.

Na segunda metade da década, com o Golpe Militar de 1964, a música brasileira tomou um rumo mais engajado com a Música Popular Brasileira (ou MPB), que construiu um
repertório de canções de protesto contra a falta de liberdade no país. Mas, mesmo sob um regime ditatorial, o país viu o nascimento da versão nacional dos dois
primeiros movimentos de música jovem e popular: a Jovem Guarda, de Roberto Carlos e companhia, e a Tropicália, de Caetano Veloso, Gilberto Gil e Tom Zé.

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